Viajar - A melhor forma de gastar o seu dinheiro

A natureza deste artigo já foi tema de conversa e debate entre mim e muitas pessoas. Muitas delas entendem o meu ponto de vista, outras acham que sou uma "viciada" em viagens e não vejo mais nada à frente. Pois bem, a democracia dá o direito a cada um de nós de ter as suas ideias e poder exprimi-las perante os outros, ou seja, cada um é legitimamente livre de ter a sua opinião.
Palácio de Verão - Pequim
Sou viajante independente desde 2009 e estou absolutamente certa que esse investimento foi o melhor investimento da minha vida. Viajar é sem dúvida a melhor forma de gastar dinheiro e permite-nos ganhar muito mais em experiências do que investimos monetariamente. Contudo, existem ainda mitos que fazem parecer que o mundo das viagens é um mundo de ricos. 

Cais do Pinhão - Douro

Ora bem, eu não sou rica, nunca fui, muito pelo contrário. Venho de uma família de origem muito humilde, dormi toda a minha infância na sala, tive um quarto partilhado com a minha mãe pela primeira vez aos 11 anos e só aos 20 fiquei com ele só para mim. Fui criada com roupa em segunda mão e nunca tive brinquedos caros, daqueles que passavam nos anúncios da TV ao sábado de manhã. Tive um lar com uns avós e uma mãe que me deram muito amor e bons valores. Nunca tive muito materialmente falando, mas sempre sonhei abraçar o mundo. 
Em 2009 não tinha viajado muito ainda e muito menos de forma independente. Iniciei nessa época as minhas pesquisas e desde então nunca mais parei. O que é certo é que tenho conseguido fazer mais com menos.
Ao longo do tempo fui prescindindo de muitas coisas - comer fora de casa, roupa, idas ao cinema e teatro, tecnologia, etc) até porque tive de "jogar" sempre com o que ganhava e com as despesas que tinha, que não foram sempre situações lineares. Contudo, acho que fiz as escolhas certas e priorizei o que realmente gosto de fazer. 
Piazzale Michelangelo - Florença
Deixo-vos 5 boas razões que explicar porque viajar é o melhor investimento financeiro que podemos fazer:
  • Viajar abre os horizontes e torna-nos mais tolerantes. Permite-nos conhecer outros povos, observar estilos e modos de vida diferentes dos nossos, conhecer diferentes costumes e crenças. Faz-nos aprender a respeitar a diferença e isso é impagável.
  • As vivências de viagem nunca se perdem. Os bens materiais podem desvalorizar, perder-se, estragar-se, desatualizar-se, mas as vivências de viagem perdurarão para sempre na nossa memória, fazendo-nos recordar com carinho momentos em que fomos muito felizes. 
  • Viajar promove o desapego dos bens materiais. A experiência de viajar leva a uma revisão de prioridades. O contentamento que advém de conhecer outras realidades leva a pôr em causa se era mesmo importante investir numa casa maior e melhor, num carro topo de gama, num robot de cozinha de última geração, num telemóvel topo de gama ou numa renovação de guarda roupa. Não somos o que temos, sem dúvida, até porque essa realidade pode mudar a qualquer momento na vida. No meu caso em particular tenho sentido o desapego até na qualidade do alojamento. Não frequento hostels porque além de gostar de algum recato e em especial do meu WC privativo (por muito humilde que seja), não sou pessoa de adormecer em qualquer lado, com barulho, luzes, etc, mas tenho optado cada vez mais por gastar menos, importando-me pouco se o hotel tem três estrelas, duas, uma ou até nenhuma. Desde que seja limpo e com o mínimo de conforto, "estou-me nas tintas" para o resto. 
  • Viajar aproxima as pessoas e estreita as relações. Viajar a dois ou em grupo promove vivências em conjunto intensas, dado que as pessoas estão o dia todo juntas. Nos momentos bons e adversos aprende-se a lidar coletivamente com as situações. Não há garantia que corra sempre bem até porque cada pessoa tem a sua personalidade própria e por vezes há choques. Ainda assim, é uma excelente forma de crescer nas relações e aprender com elas. 
  • Viajar torna-nos mais humanos. Ao conhecermos realidades diferentes e ao tentarmos compreendê-las  de forma contextualizada (em vez de julgá-las de imediato como boas ou más ou melhores ou piores que as nossas), tornamo-nos mais tolerantes e mais humanos

Nascer do sol nas dunas de Erg Chebbi (Marrocos)

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