BTL 2014

Sou uma amante inveterada de viagens. Para quem me conhece não há dúvidas. Está-me no sangue, faz parte de mim como o meu ADN. Nesse sentido, não perco há já vários anos a maior feira de turismo do país - BTL (Bolsa de Turismo de Lisboa). Este ano não foi execeção. Iniciei a visita pelo pavilhão 2 e em seguida visitei o pavilhão 1. Ambos foram dedicados ao turismo português, dividido por regiões, na generalidade bem representado, se bem que considero que não tenha existido grande delineação relativa a alguns tipos de turismo como o de desportos de neve, por exemplo, entre outros. Ainda assim, penso que o balanço português foi muito positivo, com várias provas gastronómicas (ótimos vinhos, ótimas carnes e excelente doçaria), muitos panfletos informativos, alguns passatempos, alguma representação musical, uma ou outra interação por parte de quem está nos stands com os visitantes, se bem que neste âmbito seria interessante haver mais dinamismo e não apenas ficar atrás do balcão à espera que alguém faça alguma pergunta ou peça alguma coisa. 
Portugal é um país riquíssimo na diversidade regional e esse traço tem de ser evidenciado e revelado aos nacionais e internacionais que não conhecem as nossas diversas zonas. Do Algarve ao Minho temos de estar orgulhosos da diversidade e riqueza cultural de que estamos dotados.
A desilusão total aconteceu no pavilhão 3, dedicado ao âmbito internacional e com representações de um ou outro operador turístico e de uma ou outra companhia aérea, que neste momento se resume praticamente à Tap. 
Ia à procura de informações de alguns destinos internacionais e dei-me conta que não havia qualquer representação, por consequência informação, de nenhum dos destinos que eu visava. Vejamos a representação de países do Pavilhão 3:
- Tunísia
- Marrocos
- Moçambique
- Angola
- Espanha (só Extremadura e Andalucía)
- Macau
- Taiwan
- São Tomé e Príncipe
- Brasil (com incidência no Amazonas)
- República Dominicana
- Cuba
- Turquia
- Panamá
Mais não me lembro, mas é possível que me tenha falhado algum. Agora pergunto-me: estes são os limites dos horizontes dos portugueses no âmbito do turismo internacional? Já se foram os tempos em que eu recolhia mapas, folhetos e pequenos guias dos Fiordes Noruegueses, da Filândia, da República Checa, da Polónia, da Argentina, do México (e não me estou a referir propriamente à Riviera Maya), das várias regiões de Espanha, entre muitos outros. Senti-me triste, não nego. Senti que o que estava a "sair" era a Tunísia limitada a Yasmmine Hammamet que é uma espécie de "Albufeira" construída para receber turistas europeus, Marrocos em versão Saïdia, que nada mais é do que uma zona balnear construída à pressão para implementar cadeias de hotéis espanholas que fornecem pulseiras de regime TI ( tudo Incluído), a República Dominicana também com as famosas pulseiras TI dos seus hotéis à beira mar "plantados", o Brasil com as suas praias paradisíacas (Rio Grande do Sul e Campinas ninguém sabe onde ficam) e por aí em diante. 
Caramba. Será que a nossa ideia de conhecer "além mar" é enfiarmo-nos dentro de um voo charter à pinha, para ganharmos um carimbo novo no passaporte seguido de uma clausura dentro de um hiper resort 5 estrelas, com 6000 pessoas lá dentro e comida e bebida à descrição a qualquer hora do dia? Não pretendo ferir suscetibilidades, até porque eu própria já estive nalguns desses resorts e cada um tem liberdade total para fazer o tipo de viagem que bem entender. Contudo, confesso-me desiludida por ouvir pessoas com quem falo enaltecidas por já terem "viajado" imenso, para destinos que se ficam dentro dos resorts, sem qualquer elucidação/conhecimento sobre a realidade de um país e do seu povo.
Inevitavelmente esta tendência está refletida no pavilhão 3 na BTL. Com muita pena minha, parece que estamos a limitar horizontes.


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